terça-feira

SEMANA DE MOÇAMBIQUE - 18 a 24 de Agosto


PROGRAMA

De 18 a 24 de Agosto - 15h / 20h
Exposição: Malenga e Ntaluma (Escultura Makonde, madeira) , Heitor Pais (Pintura e Cerâmica) e Américo Hunguana "Bocarras" (Fotografia)

21, 22 e 23 de Agosto - 20h/ 23h
Jantares tradicionais moçambicanos

21 e 22 de Agosto - 22h
Música tradicional moçambicana - Genitho Rasta

23 de Agosto - 22h
Música moçambicana - Malenga

segunda-feira

Exposição de Pintura, Cerâmica, Escultura e Fotografia


Heitor Pais - Pintura e Cerâmica



Moçambicano, de Buzi, vive em Portugal desde 1976.Tem o Curso de Artes e Técnicas do Fogo na Escola António Arroio, Lisboa.. É pintor e ceramista, enquadrando-se na tipologia da Arte Moderna.Hoje, é professor na Escola António Arroio, onde estudou. Desde 1981, participou em inúmeras exposições colectivas em Portugal, e também em Itália e realizou várias exposições individuais, em Portugal e também na Alemanha. È citado em várias publicações da especialidade, nomeadamente ; Haringer, Christiane -"Neue Keramic" - Berlim, Balas, Anne - "Gal Arte" - Barcelona, "Aspectos das Artes Plásticas em Portugal" - edição Fernando Infante, Lisboa, 1992 , "O Artista e seu Mercado" - Editor Narciso Martins, Porto , "Guide de l'Art Africaine Contemporain" - Association Afrique en Création,Paris,1996, "Ceramistas e Escultores Portugueses" - Editor Carlos Bajouca, Lisboa, 2002.

Ntaluma - Escultura



Ntaluma é um escultor moçambicano que nasceu em Nanhagaia, distrito de Nangade, província de Cabo Delgado, Moçambique, no último ano da década de 60, num Sábado, com o calor do planalto, onde os homens se assustaram com as gargalhadas das parteiras tradicionais Makondes. Dando grande felicidade ao seu pai que estava muito ansioso.Iniciou o seu trabalho de transmitir a sua mensagem através da madeira, em Novembro de 1990, no Museu de Etnologia de Nampula. Depois de ter recebido os segredos da escultura Makonde, do seu mestre Crisanto Bartolomeu Ambelikola. Em 1992 chegou a Maputo onde, com um grupo de amigos, fundou a “Favana Grupo de Escultores Makonde”, no parque de campismo de Maputo. Em 1994 começou a ensinar escultura Makonde a moçambicanos e estrangeiros.Em 2000, integrou a ASEMA - Assciação de Escultores Makonde, que funciona no Museu Nacional de Arte de Moçambique.Chegou a Portugal em 2002 onde começou a desenvolver com outros artistas, um intercâmbio de sensibilidades artísticas. Em 2003 assumiu a responsabilidade da escola de escultura da ALDCI Associação Lusófona para o Desenvolvimento, Cultura e Integração - Portugal, integrada na escola da multi-culturalidade.Está representado em colecções particulares nos quatro cantos do mundo. As Origens da arte: Quem não se lembra de alguma vez na vida ter visto uma escultura Makonde, que faz rodopiar as pessoas numa viagem que é de todos nós, numa reafirmação de que a arte está permanentemente nos corações de todas as latitudes.A humanidade é uma parte da natureza com os seus fenómenos. Para o escultor, uma imagem não é só um simulacro provido de qualidades vivas, é também uma forma de o homem manifestar o seu imaginário. Desde a idade da pedra que os nossos antepassados esculpem com as suas mãos, as formas naturais da terra.
in http://makonde.no.sapo.pt/

Malenga - Escultura



Quando era pequeno desprendia muitas horas ao lado da minha casa fazendo meus brinquedos de madeiras leves. Esta foi a primeira parte de aprendizagem em que, simultaneamente desenhava. Com 20 anos tomei decisão de ser escultor. Tendo iniciado ao lado do meu pai, portanto ele é o meu primeiro mestre. Dois anos depois mudei para Maputo para continuar com o trabalho, na cooperativa Arte Makonde. Em 2001 juntei-me num grupo de artistas nas instalações do Museu Nacional de Arte. Em 2006 obtive bolsa de estudo para estudar arte em Lisboa. No ano seguinte tive um estágio em escultura também na Faculdade das Belas Artes do Porto.

EXPOSIÇÕES:Colectivas: Várias em Moçambique e uma em Lisboa. Individuais: uma em Maputo em 2005, uma individual em 2007 no Porto e uma individual na Suécia em 2008.

Américo Hunguana "Bocarras" - Fotografia



Américo Jorje dos Santos Hunguana (Bocarras) nasceu em Maputo no dia 26 Outobro 1985. Fez o terceiro ano do curso de publicidade e marketing em Maputo.
Projectos e exposições em que participou:
2004 Exposição de cartaz pulicitário, Centro Franco-Moçambicano, Maputo
2004 Participação na Exposição colectiva da Foto Festa 2004, Maputo
2005 Primeiro premio de fotografia de Kodak , Maputo
2005 10 anos do Centro Cultural Franco-Moçambiano, Maputo
2005 Estagio de laboratorio no Estudio Foto Retina , Maputo
com fotografo Sr. Machado
2006 Projecto Audio-Visual para a impresa Dunavante Morumbala, Quelimane
2006 Projecto Audio-Visual para a CIC (União Europea), Quelimane
2006 Workshop de Arte-video, Maputo
2006 Estagio fotográfico em Cape Town , South Africa
2006 Workshop fotográfico no Centro Comunitario artistico de Catetura, Namibia
2007 Exposição individual : Cruzamento, Genebra, Suiça
2007 Exposiçao individual : Cruzamento 1, Bern, Suiça

GENITHO RASTA - UM MÙSICO DA TERRA

Compositor e músico moçambicano, Genitho Rasta recupera do tempo os velhos ritmos e os instrumentos tradicionais moçambicanos, misturando sons,melodias e culturas.

Texto > Manuela Sousa Guerreiro
Fotos >
Bruno Barata/Editando

Dedilhando a "mbira" (um instrumento moçambicano, assente numa pequena tábua meio tosca onde se fixam tiras de metal), Genitho Rasta vai, aos poucos, evocando as lendas, a guerra de libertação e a longa resistência moçambicana. O espectáculo continua e, desta vez, acompanhado do violino e do saxofone, Genitho experimenta o "bangwe" (uma espécie de guitarra que ressoa em cabaças).

A "mbira" e o "bangwe" são dois dois instrumentos tradicionais de Moçambique tocados pelo músico e compositor moçambicano Genitho Rasta. A estes junta-se ainda a "timbila" (um xilofone artesanal), que tem a particularidade de ser um instrumento de orquestra. O que explica a presença em palco do saxofone e do violino. "Não costumo romper com os costumes tradicionais. Embora, junte o que á de positivo na cultura moçambicana com o que há de positivo noutras culturas". A fusão de sons, melodias e culturas, algo que o artista confessa não ser premeditado, vai-se tornando realidade no pequeno palco do auditório da FNAC, em Lisboa, conquistando as várias dezenas de pessoas que ali se reúnem.

Genitho Rasta nasceu em Inhambane, mas tem raízes na província de Tete, de onde é originária a família, e em Maputo, onde cresceu. Talvez por isso os três instrumentos tradicionais moçambicanos eleitos pelo compositor sejam característicos de cada uma dessas regiões. "A "mbira" ou "sansi", é do centro do país. No norte, o "bangwe" é mais conhecido e as timbilas estão mais ligadas à região sul", explica Genitho Rasta em conversa com a Revista Moçambique. "Mas a raiz do meu trabalho está na música tradicional do país e não na música de uma ou doutra província. Daí ter privilegiado vários instrumentos que são característicos de vários pontos de Moçambique", sublinha.

Respeitando "o ritmo antigo", Genitho canta a história, a guerra de libertação e a luta de resistência. Os trabalhos de pesquisa levam-no a resgatar do imaginário moçambicano os velhos contos populares e infantis.

Reencontrando as raízes

Como em quase todos os países africanos, também em Moçambique a música está presente nas várias cenas do quotidiano e é um veículo privilegiado de expressão religiosa, espiritual e cultural. Mas contrariando a realidade de muitos desses países, a diversidade e a riqueza da música e dos instrumentos moçambicanos permanecem ainda por descobrir.

No país da "marrabenta" são poucos os músicos que se atrevem a ir buscar os ritmos antigos, tradicionais, talvez por falta de apoios e de meios ou talvez por que ainda existem certos preconceitos e complexos. "Há quem diga que a marrabenta representa a música moçambicana. Considero isso uma aberração. A marrabenta é sobretudo colonial, produto de uma assimilação cultural, onde os arranjos e os tempos obedecem a uma estrutura ocidental, completamente diferente da música tradicional, da música da terra".

Para Genitho Rasta, o gosto pela música tradicional começou há poucos anos e quase por acaso. "O primeiro instrumento tradicional que comprei foi a um indivíduo que os vendia para decoração. Comecei a tocar sozinho e com a ajuda de amigos, depois fui fazendo alguma pesquisa e descobrindo os músicos tradicionais. Hoje toco a "mbira", as "timbilas" ou o "bangwe" como quem toca uma guitarra ou um saxofone", conta. Reacções? "O público, mesmo em Portugal, conhece e aprecia. Em Moçambique, culturalmente a música é bem aceite, ainda que comercialmente seja difícil abrir espaço e conseguir apoios", esclarece

Publicado originalmente na revista “Moçambique”, em 2002.
Reproduzido neste blog com a devida vénia.