segunda-feira

SEMANA DE TIMOR-LESTE: 08 A 14 DE SETEMBRO





NÃO MAIS SOB A ÁRVORE DE BÔ - JORGE LAUTÉN (Timor-Leste)

Não mais a pureza de
Ramahya
o incenso e o sândalo
os pés nus nas pedras do
templo
enquanto eles comerem na
minha mesa
na velha casa de Dili
não mais me sentarei sob a
árvore de Bô

POEMA ANCESTRAL - CRISÓDIO T. ARAÚJO (Timor-Leste)

Lembra os dias antigos
Em que cantavas a pureza
Na nudez dos teus passos e gestos
Ou dançavas na inocente vaidade
Ao som dos «babadok».

Relembra as trevas da tua inquietação
E o silêncio das tuas expectativas,
As chuvas, as memórias heróicas,
Os milagres telúricos,
Os fantasmas e os temores.

Tenta lembrar a herança milenar dos teus avós
Traduzida em sabedoria
E verdade de todos.
Recorda a festa das colheitas,
A harmonia dos teus Ritos,
A lição antiga da liberdade,
Filha da natureza.

Recorda a tua fé guerreira,
A lealdade,
E a ternura do teu lar sem limites,
Nos caminhos do inesperado
Ou no improviso da partilha definitiva.
Lembra pela última vez
Que a história da tua ancestralidade
É a história da tua Terra Mãe...

REGRESSO ETERNO - RUY CINATTI (Timor-Leste)

Altos silêncios da noite e os olhos perdidos,
Submersos na escuridão das árvores
Como na alma o rumor de um regato,
Insistente e melódico,
Serpeando entre pedras o fulgor de uma idéia,
Quase emoção;
E folhas que caem e distraem
O sentido interior
Na natureza calma e definida
Pela vivência dum corpo em cuja essência
A terra inteira vibra
E a noite de estrelas premedita.

A noite! Se fosse noite. . .
Mas os meus passos soam e não param,
Mesmo parados pelo pensamento,
Pelo terror que não acaba e perverte os sentido
A esquina do acaso;
Outros mundos se somem,
Outros no ar luzes refletem sem origem.
É por eles que os meus passos não param.
E é por eles que o mistério se incendeia.

Tudo é tangível, luminoso e vago
Na orla que se afasta e a ilha dobra
Em balas de precário sonho...
Tudo é possível porque à vida dura
E a noite se desfaz
Em altos silêncios puros.
Mas nada impede o renascer da imagem,
A infância perdida, reavida,
Nuns olhos vagabundos debruçados,
Junto a um regato que sem cessar murmura.

SEMANA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - 01 A 07 DE SETEMBRO



PROGRAMA:

01 a 07 de Setembro
Exposição Colectiva de Artes Visuais com Anselmo Amado (escultura), Eduardo Malé (pintura), Estanislau Neto (pintura), Ismael Sequeira (pintura) e José A. Chambel (fotografia)

Abertura: Segunda-Feira, 01 de Setembro às 19h; Terça ,Quarta-Feira e Domingo das 15h às 20h; Quinta, Sexta-Feira e Sábado das 15h ás 24h

04, 05 e 06 de Setembro (Quinta, Sexta e Sábado)
20h /23h 30m - Jantares Tradicionais Santomenses
22h 30m - Concertos

EXPOSIÇÃO DE ARTES VISUAIS


ANSELMO AMADO (Escultura)



Nasceu em 1964. É membro da Associação dos Artistas Plásticos São-Tomenses. Em S. Tomé foi professor primário durante 15 anos.
Em Portugal, onde está radicado há mais de uma década, frequentou o Curso de História de Arte no ARCO (Lisboa, Portugal), em 1995/96.
Escultor, trabalha principalmente a madeira, embora tenha igualmente diversas obras em pedra. Insere-se numa tipologia de Arte Contemporânea, inspirado fortemente pelo imaginário popular africano e Santomense.
Exposições Colectivas: Centro de Documentação Técnica e Científica, S. Tomé e Príncipe, 1991); Expo 92, Sevilha, Espanha (1992); Brazzaville, Congo (1994); Comemorações da Independência de S. Tomé e Príncipe, Centro Cultural Português, S. Tomé e Príncipe (1994); "Artistas dos Países Lusófonos", Rio de Janeiro, Brasil (1995); Pavilhão de S. Tomé e Príncipe, Expo 98, Lisboa;
Exposições individuais: Hotel Miramar, S. Tomé e Príncipe (1993 1994); Sede da UCCLA, Lisboa, Portugal (1994);
Está representado nas colecções permanentes do Centro Cultural Português, da UNEAS - União Nacional dos Escritores e Artistas santomenses do Museu Nacional, em S. Tomé e Príncipe; no Museu de Arte do Rio de Janeiro, no Brasil, e da Câmara Municipal de Lisboa.

EDUARDO MALÉ (Pintura)



Nasceu em 1973. Concluiu os cursos de Design de Equipamento (Escola Secundária de Artes António Arroio, Lisboa, 2000), Artes Plásticas (Escola Superior de Arte e Design, nas Caldas da Rainha, 2006), Formação Artística (SNBA, Lisboa, 1998). Participou também em seminários e oficinas em vários países.
Tanto em São Tomé e Príncipe como em Portugal - onde vive e trabalha desde o final da década de 90, leccionou em diversas escolas básicas e secundária, nas áreas de expressão plástica e de educação visual e tecnológica. Entre 1999 e 2000, esteve ligado á extensão portuguesa do projecto MUS-E, da Fundação Yehudi Menuhin.
Tem trabalhado em projectos diversificados nas áreas da e das artes visuais e da animação cultural e juvenil, da educação pela arte á realização de spots televisivos, passando pela ilustração de livros e pela criação de cenários, entre outros.
Exposições individuais (destaques): - Casa da Cultura de Paço d' Arcos (2007); Café e Companhia, S.T omé e Príncipe. (2005); Casa da Morna, Lisboa. (2004);
Galeria Atrium, Coimbra. (2004); Centro Cultural Português, S. Tomé e Príncipe.
( 2002); Centro Nacional de Cultura e Café Chiado, Lisboa. (2002) Pavilhões de STP e da CPLP na Expo 98, Lisboa. (1998)
Prémios e Representações (destaques):
1º Prémio no Concurso de Pintura da Câmara Municipal da Batalha. 1998 -
Centro Cultural Português ( São Tomé e Príncipe.) Centro Nacional de Cultura, Lisboa; TAP Air Portugal, São Tomé e Príncipe; Teia D’Arte, Galeria, São Tomé e Príncipe; Sociedade Portuguesa de Investimentos – SPI, São Tomé e Príncipe.

ESTANISLAU NETO (Pintura)



Nasceu em 1970. Pintor, autodidacta, fez alguns workshops de pintura em S. Tomé. Foi membro fundador da AAPLAS (Associação dos Artistas Plásticos santomenses em Portugal, onde vive e trabalha desde há vários anos, frequentou o curso de " Decoração e Arquitectura de Interiores ", curso tecnológico do IATA - Instituto de Aperfeiçoamento Técnico Acelerado em Lisboa. 2002/03. Insere-se numa tipologia de arte contemporânea.
Exposições colectivas (destaques): Pintura e Escultura de S. Tomé e Príncipe, Museu da República e da Resistência, Lisboa (2001); Arte Africana " 25 de Maio", I.P.J. - Instituto Português da Juventude, Lisboa (2001); XXI Expo-Feira do Livro, Viana do Castelo (2001); Encontro Anual de Artes Plásticas, Galeria Municipal, Sintra, Portugal (2000); 1 de Dezembro, Centro Cultural Português, (S. Tomé e Príncipe); Arte Santomense, França (1998); Reencontro 98, Centro Cultural Português, S. Tomé e Príncipe (1998); Pavilhão de São Tomé e Príncipe, Expo 98, Lisboa (1998); Expo Cannes 97 Cannes França 1997; IV e V Bienal de Arte Contemporânea Bantú, CICIBA, Brazaville, Congo (1991 e 1994); Centenário do nascimento de Sun Canarin, patrono das artes santomenses S. Tomé e Princípe1993 Centro de Documentação Técnica e Científica 1992.
Exposições individuais (destaques): Palácio dos Congressos - S. Tomé e Príncipe (1993); Residencial Avenida 1993. Está representado em colecções privadas em vários países, e ainda nos acervos do Centro Cultural Português, da delegação Sede do PNUD (Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento) e do Museu Nacional, em S. Tomé e Príncipe.

ISMAEL SEQUEIRA (Pintura)



Nasceu em 1969 na cidade de São Tomé. Começou a pintar desde muito novo, tendo participado numa exposição comemorativa do aniversário da independência do país, com 13 anos apenas Em 1982 conheceu Protásio Pina e Cesaltino da Fonseca, expoentes máximos das artes plásticas em São Tomé e Príncipe na época, que dirigiam o sector de produção de cerâmica na olaria de Almerim, onde aprendeu a trabalhar barro e cerâmica. Influenciado por Protásio, começou a pintar a óleo. Mais tarde, trabalhou com mestres coreanos em pintura de cenários e montagem de quadros humanos para espectáculos e jogos de ar livre.
Em 1996 participa pela primeira vez numa exposição for a do país È nesse ano também que colabora na criação da futura União de Artistas Plásticos Santomenses e mais tarde, descontente com a orientação da UNEAS, impulsiona a formação da Asso Associação dos Artistas Plásticos Santomenses (APPLAS), com Luis Pina e José Mendonça (Zémé).
Colaborou em diversos projectos culturais, em parceria com várias organizações em São Tomé (nomeadamente o CIAC). Vive e trabalha em Portugal desde 1991. Completou o Curso Experimental de Artes Plásticas na Escola Secundária António Arroio e o Curso de Artes Plásticas /Escultura. Actualmente trabalha em artes plásticas, investigação em museologia e desenvolvimento de produtos multimédia.
Exposições individuais (destaques): Centro Cultural Português; São Tomé (1989 e 1990); Sala Francisco Tenreiro, São Tomé (1990). A primeira destas exposições assinala igualmente o início de uma opção de programação do CCP centrada na promoção da pintura e da escultura que viria a ser fundamental para a formação de um novo público e de uma maior atenção para as artes plásticas em São Tomé e Príncipe.
Exposições Colectivas (destaques): III Bienal de Arte Contemporânea Bantu
Prémios: 3º lugar de desenho e cartaz sobre "o meio ambiente e os animais em vias de extinção", Centro Cultural Português, São Tomé, 1988; Prémio de Promoção, III Bienal de Arte Contemporânea Bantu (1989).

JOSÉ A. CHAMBEL (Fotografia)



José Chambel nasceu em 1969 em S. Tomé e Príncipe.
Expõe regularmente desde 1993, tendo participado em diversas exposições colectivas, quer em Portugal quer no estrangeiro. Expôs também individualmente, sendo que o seu projecto mais conhecido, "Págá Dêvê", passou a integrar a Colecção Nacional de Fotografia.
No campo editorial conta com duas publicações:
"Arqueologia Industrial" (1998) e "Pága Dêvê" (2000).

A Ilha do Príncipe parece ter uma ressonância poética, ao mesmo tempo evocando uma terra distante quase mística. Santo António é a capital da ilha que se situa no Golfo da Guiné, em plena zona do equador, orientada a nor-nordeste de S. Tomé, a ilha principal do Arquipélago. Foi durante muito tempo um entreposto de trocas comerciais e sociais do Golfo da Guiné, a cargo das potências colonizadoras europeias. De 1753 a 1852, devido a instabilidades internas e à ocupação de S. Tomé pelos holandeses, Santo António passou a capital do arquipélago, tornando-se uma cidade desejada, centro de comércio, de diplomacia e de saber que marcou a sua morfologia urbana, a tipologia dos seus edifícios e o modo de vida dos seus habitantes. Hoje, exibe uma muito antiga herança cultural, visível tanto nos rostos como no belo património arquitectónico em estado de degradação avançada e que a vegetação reclama.

N.b: As fotos expostas integram o projecto "CAPITAL, Santo António do Príncipe”.