segunda-feira

CINEMA - “Pélé Eterno”, de Aníbal Massaini Neto




Quem é o maior jogador de futebol de todos os tempos? A pergunta é complicada de responder principalmente por que se jogava, há algumas décadas, utilizando-se muito menos preparo físico do que hoje em dia. Assistir agora às partidas da Copa de 70, por exemplo, dá sono. O jogo era muito mais lento do que o que se pratica atualmente – digam o que disserem. Mesmo tendo isso em mente, é impossível não se maravilhar com as jogadas de Pelé Eterno. O ponto alto do brilhante documentário de Aníbal Massaíni sobre Pelé é a pesquisa de registros filmados de jogadas do grande craque – o diretor chegou a buscar fitas com lances do jogador em diversos países do mundo. O resultado é deslumbrante. Ao contrário dos documentários e reportagens de sempre (que costumam passar as mesmas jogadas do Rei do Futebol), a quantidade de lances raros – que pouquíssimas pessoas da minha idade, por exemplo, já tinham visto – presentes em Pelé Eterno é simplesmente extraordinária. São mostrados cerca de 400 gols, além de diversos lances como dribles, passes, faltas e mesmo jogadas onde ele ajudava na defesa. O que Pelé fazia com a bola era praticamente inacreditável: chutes com as duas pernas, de perto e de longe do gol; cabeçadas certeiras; dribles fantásticos que deixavam filas de marcadores para trás; passes perfeitos para companheiros melhor colocados; gols de falta; dribles utilizando as pernas dos adverários (?!) para a sua própria progressão. Seqüências espantosas de lances espetaculares fazem com que o público ria de felicidade em diversos momentos do documentário. Mas Pelé Eterno não mostra apenas as jogadas do craque. O filme conta a história de Pelé a partir de depoimentos (inclusive do próprio jogador) e imagens de arquivo. O tom do documentário é laudatório além da conta, o que cansa um pouco. Mas, verdade seja dita, o próprio Édson Arantes do Nascimento quis que fossem citados alguns pontos obscuros de sua biografia, como o fato dele só ter reconhecido judicialmente uma das filhas de fora do casamento e alguns problemas com negócios [só que o escândalo do desvio de dinheiro da Fifa não é comentado]. Bastante interessantes, por outro lado, são os trechos que apresentam fatos lendários da carreira do craque. Como uma vez em que a ida de Pelé ao Congo fez com que as partes em conflito em uma guerra travassem um armistício. E o caso de um jogo na Colômbia, onde a torcida "expulsou" um juiz que expulsara o grande jogador do Santos – o público local, afinal de contas, tinha ido ao estádio para ver o craque e não o juiz. Somando tudo, Pelé Eterno é um filme obrigatório para quem gosta de futebol. Mesmo para aqueles que não gostam do homem Édson Arantes do Nascimento.

in www.bacana.mus.br

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